sábado, 10 de agosto de 2024


 

                            TORCEDOR SOFREDOR

O torcedor de um clube de futebol é um cidadão comum que, levando em conta uma cidade, um bairro, um país ou por influências diversas, se fixa como apaixonado por determinado time. Existem torcedores moderados e os fanáticos, que até arriscam suas vidas em brigas dentro e fora dos estádios. Será que atualmente vale a pena todos os sacrifícios por que passam os torcedores, pagando ingresso caro, horas no trânsito, sujeito a lesões por brigas, passando sede e fome e muitas vezes no final ver uma partida ruim com placar de zero a zero?  Parece-me que não...

Para piorar, foi legalizada a modalidade de futebol empresa, criado pela Lei 14.193/2021, em que os clubes de futebol brasileiros passaram a ter a opção de se converterem em empresas, as chamadas Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs). A meu ver, fica difícil manter-se fiel torcedor a um clube que tem um dono, que visa unicamente seu próprio enriquecimento. A legislação anterior previa que todos os clubes fossem classificados como associações civis sem fins lucrativos. Com a Lei da SAF, como ficou conhecido o texto aprovado, os clubes que optam por migrar para esse novo modelo se transformam em clube-empresa, podendo visar o lucro. Alguns dos clubes que já aderiram ao modelo são CruzeiroVasco da GamaBotafogoAmérica MineiroBahiaCuiabá e Coritiba. Além desses, temos ainda o Red Bull Bragantino, que não é uma SAF, mas é um clube-empresa que recebe investimentos da marca austríaca de bebidas Red Bull. Nas cinco primeiras ligas da Europa, ou seja, a Inglesa, a Italiana, a Alemã, a Espanhola e a Francesa, mais de 90% das equipes que disputam a primeira divisão são clubes empresa.

Este tipo de clube empresa me faria perder o encanto e paixão, caso ocorresse com meu Palmeiras, fluminense e Atlético Mineiro. Poderia talvez aceitar o sistema SAF, desde que fosse uma sociedade anônima bem pulverizada, com milhões de torcedores sendo acionistas, com diretoria eleita democraticamente. Mas, torcer por um clube de um bilionário investidor, não aceito. Não vou perder dinheiro e sono para aumentar a fortuna de um só dono do meu clube, que foi criado e mantido pelos nossos idealistas antepassados. O vínculo com torcedor pode diminuir e acabar se vingar este tal de “dono do time”.

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