FÉ, A CEGUEIRA DA MENTE
O avanço do conhecimento dos humanos
foi gradativo e evolutivo, com grande desenvolvimento a partir do neolítico e a
pedra polida, cerca de 10 mil anos atrás. Nossos antepassados mais remotos
desenvolveram a fala 50 mil anos no passado, estimam biólogos. 40 mil anos
atrás houve o EVENTO, também denominado o GRANDE SALTO PARA FRENTE, quando o
Homo Sapiens acelerou seu distanciamento no conhecimento em relação a outras
espécies de mamíferos da Evolução, principalmente dos primos mais próximos, os chimpanzés
e gorilas. Antes disso, por mais de um milhão de anos os artefatos dos humanos
não haviam progredido muita coisa. Não havia nada que comprovasse alguma
habilidade artesanal por parte de nossos antepassados primitivos. Valiam-se
nossos ancestrais apenas de instrumentos rudimentares, semelhantes aos usados
por nossos primos símios de hoje. Datam de 40 mil anos os registros humanos
mais antigos como pinturas em cavernas, estatuetas, utensílios em sepulturas e
flautas de ossos, identificados e catalogados pelos arqueólogos recentes. Para
explicar o GRANDE SALTO PARA FRENTE e o avanço intelectual do Homo Sapiens,
deduz-se ser o poder da fala o grande responsável. Sem dúvida, a comunicação
pela fala dos humanos foi e continua sendo essencial para divulgar o
conhecimento. Para auxiliar e registrar a fala, surgiram as formas de escritas.
O alfabeto utilizado para escrever a língua grega teve o seu desenvolvimento
por volta do século IX A.C. Do grego vieram todas as línguas latinas e
logicamente nossa língua portuguesa. Por volta do ano 3000 A.C., portanto cinco
mil anos atrás, na Mesopotâmia, os sumérios desenvolveram uma escrita silábica
para representar a língua suméria falada, método adotado também pelos acádios e
que levou à criação dos alfabetos. No mesmo período há o surgimento da escrita
hieroglífica no Egito Antigo, com alguma relação com a escrita da Mesopotâmia.
Até 11 mil anos atrás os humanos
viviam da caça de animais silvestres e da coleta de plantas e frutos espalhados
pelos campos, sem residência fixa iguais aos ciganos, sendo denominados os
CAÇADORES - COLETORES. O que sabemos é que, por volta de 8.500 A.C., os seres
humanos no Crescente Fértil, (uma região que compreende o atual Egito, Israel,
Turquia e Iraque) lentamente começaram a plantar grãos em vez de apenas
colhê-los na natureza. Por volta de 7.000 A.C., os homens começaram também a
domesticar animais como ovelhas, porcos e cabras. Mil anos mais tarde,
domesticaram o gado. A partir de então o homem dominou as práticas de
agricultura, da criação de animais e surgiram os primeiros povoados fixos,
iniciando uma nova fase dos humanos. Povoações com poder da fala e rústicas
escritas propiciaram uma aceleração do desenvolvimento científico da
humanidade, pela maior troca de informações. Os pais eram os chefes de família,
onde exerciam o poder. Surgindo os povoados, alguém teria que assumir o poder e
isto ocorreu pela lei do mais forte. Assim, surgiram os chefes de tribos.
Aliado à lei do mais forte, alguma crença sempre existiu, reforçando o poder
dos mandantes naturais nas pequenas tribos. Crença ou fé já surgiram nas
cavernas e são inerentes ao cérebro humano. Nosso cérebro é bastante propenso a
viajar em crenças, por mais absurdas que sejam. O cérebro do homem, mais
desenvolvido que dos outros mamíferos, extrapolou o conhecimento comum e
procura eternamente explicar nossa existência. Assim, enquanto a ciência não
completa o trabalho de desvendar todo o universo, (supondo, é claro, que tal feito
seja possível e alcançável) os humanos são afeitos para crenças de todo tipo,
por mais estranha que seja. As crenças sempre serviram de auxiliar para
subjugar o povo em benefício dos dominadores desde as primeiras comunidades
humanas. Os feiticeiros nas aldeias indígenas auxiliavam os caciques na
administração do seu povo com suas ameaças feiticeiras e superstições. Nas
famílias os pais usaram e ainda usam crenças e lendas para impor suas
autoridades aos comandados. Minha mãe e meu pai me amedrontavam no combate aos
meus atos reprováveis lembrando-me do inferno recheado de capetas, além de
outros monstros, como o boi-da-cara-preta, o lobisomem, almas do outro mundo,
etc. Todos estes seres maléficos foram criados para assustar a nós pecadores e
fizeram minha infância menos feliz.
Nosso cérebro é carente em fugir
da realidade em natural procura de restauração dos neurônios. As crianças
embarcam nos contos de fadas com princesas e bruxas e os adultos em crenças
religiosas das mais diferentes fantasias. Na Grécia Antiga, os gregos, mesmo
com grande cultura e saber, cultuaram uma vasta coleção de deuses baseados em
estórias mirabolantes e, hoje, vistas como absurdas, em que cada deus possuía
funções específicas, para que coletivamente cuidassem da administração do seu
povo por vários milênios. Os deuses gregos hoje são objetos apenas de referência
cultural. Mas a "fé" ainda está bastante presente na maioria das
pessoas, em maior ou menor medida, em razão da ainda parcialmente controvertida
explicação do universo e de nossa existência. Então, as religiões apenas são
substituídas no decorrer do tempo e, até a presente data, não se mostram
capazes de extinguirem naturalmente.
Aposentando-se os deuses mais antigos da Grécia e de Roma, veio o Deus
de Israel, na qualidade de “ÚNICO” para os judeus, que a partir de Jerusalém
deu origem às três principais religiões monoteístas do mundo: o Judaísmo, o
Cristianismo e o Islamismo. Os livros Torá, Bíblia e Corão, que servem de base a
estas religiões e suas crenças, quando tomadas em sentido "literal",
(e não por "licença poética") desafiam, em muitos momentos, as leis
da Física, Química, Matemática, Astronomia e, sobretudo, a Biologia, e mesmo
assim são objetos de maior interesse por bilhões de humanos religiosos. Os
cientistas estão caminhando a passos largos para explicar todo o universo em
missões espaciais cada vez mais frequentes. Contudo, ainda a maioria das
pessoas prefere ignorar a ciência e acreditar em fantasias religiosas, vendidas
por alto preço pelos exploradores da fé. CHARLES DARWIN, (1809 a 1882)
naturalista britânico, no século dezenove, após anos de pesquisas e observações
pelo mundo todo, apontou evidências sólidas para explicar o surgimento do Homo
Sapiens ao longo da EVOLUÇÃO pelo mecanismo da "seleção natural das
espécies". O principal resultado das pesquisas de CHARLES DARWIN foi "provar",
de certa forma, ainda que na medida do que lhe era possível à época, a evolução
pela seleção natural de todas as espécies, ambiente que produziu os humanos
como somos hoje. O naturalista elaborou sua teoria com base nas evidências de
que as formas de vida evoluem lenta e continuamente ao longo do tempo. À medida
que as novas espécies se proliferam em quantidade e variedade, ocorre UMA
SELEÇÃO NATURAL DESSAS ESPÉCIES COM A SOBREVIVÊNCIA DO MAIS ADAPTADO AO MEIO
AMBIENTE. Darwin, em 1859, lançou seu livro “DA ORIGEM DAS ESPÉCIES POR VIA DA
SELEÇÃO NATURAL OU A PRESERVAÇÃO DAS RAÇAS FAVORECIDAS NA LUTA PELA VIDA”,
assombrando os chefes das religiões dominantes, que pregavam o Criacionismo,
hipótese mitológica da qual são protagonistas Adão e Eva. Darwin tornou-se o
inimigo número um dos Rabinos judeus, dos Papas e Mulás do Islamismo, que
condenaram a obra prima de Darwin a ficar longe do alcance dos seus fiéis.
Mesmo hoje as religiões, e até as escolas que são altamente influenciadas por
elas, pretendem deixar a obra de Darwin empoeirada nas bibliotecas, a fim de
proteger a ficção narrada no Livro Gênese da Bíblia, a qual é divulgada em
riquíssimos templos dourados pelo mundo afora. Quase a totalidade de nossos
estudantes menores de 16 anos tem afinidade com personagens como Adão, Eva,
Moisés, Jesus, Maomé e Buda, porém desconhece Charles Darwin e outros importantes
protagonistas da ciência. As lendas e os personagens abordados pelas religiões
ofuscam o trabalho de cientistas, os quais trouxeram à humanidade
desenvolvimento com mais saúde, conforto e entretenimento. Então, você leitor,
que hoje dispõe de medicina avançada e remédios para quase todas as doenças,
você que pode viajar pela Terra toda e até pelo espaço sideral, que pode
conversar em tempo real com quem ama e está distante, valendo-se de vídeos transmitidos
por computadores e celulares, você precisa conhecer e reverenciar alguns dos
principais dedicados cientistas, que tudo isto tornaram possível: GALILEU
GALILEI (1564 a 1642), italiano físico, matemático e astrônomo, que firmou a
Teoria Heliocêntrica, a qual contrariava a crença religiosa predominante à
época de o Sol é que gira em torno do nosso planeta; ISAAC NILTON (1643 a
1727), astrônomo, matemático e físico inglês; THOMAS ALVA EDISON (1847 a 1931),
empresário norte americano criador da lâmpada elétrica incandescente, cinema,
telefone e outros inventos, tornando-se conhecido mais tarde pela alcunha de
"o homem das mil patentes"; ALBERT EINSTEIN (1879 a 1955), físico,
judeu alemão autor da Teoria da Relatividade; EDWIN HUBBLE (1889 19530),
astrônomo norte americano descobridor das galáxias; NIELS BOHR (1885 a 1952), físico dinamarquês que
dedicou seu trabalho à estrutura do átomo e a mecânica quântica; ALBERTO SANTOS
DUMONT (1873 a 1932), brasileiro mineiro, considerado por nós brasileiros como o
"pai da aviação"; JONAS EDWARD SALK (1914 1995), médico virologista e
epidemiologista norte americano, mais conhecido como o inventor da primeira
vacina anti-pólio; JAMES WATSON e FRANCIS CRICK, os decodificadores do modelo
do DNA; ALAN TURING (1912 a 1954), britânico dedicado aos computadores e
inteligência artificial.
É muito mais cômodo acreditar,
pelo mecanismo da fé, em afirmações fantásticas e improváveis dos pregadores, ainda
que dotadas de elementos flagrantemente fabulosos e mitológicos, (serpente
falante do paraíso, sarsa ardente falante do deserto, jumenta falante de
Balaão, etc) do que abrir livros científicos e estudar. A comodidade oferecida
pela fé e pela lei no menor esforço intelectivo, é altamente prestigiada pela sociedade
e bem explorada economicamente pelas religiões e mandatários em todo o planeta.
É MAIS FÁCIL UMA PESSOA PELA FÉ ACREDITAR CEGAMENTE, PORTANDO UMA CAVEIRA
COLADA AO SEU PESCOÇO, SEM AINDA TER MORRIDO, DO QUE RECHEAR O SEU PRÓPRIO
CÉREBRO COM VERDADES CIENTÍFICAS, ATRAVÉS DO ESTUDO DAS VÁRIAS CIÊNCIAS. Isto
explica o sucesso das religiões em todos os tempos no mundo todo.
O cientista Steven Weinberg, Prêmio
Nobel de física em 1979, em vídeo disponível na internet relata que o colega do
Paquistão Abdus Salam confessou ter desejo de levar ciência e tecnologia para
os países do Golfo, onde o Islamismo predomina, mas relutava em fazê-lo porque “A
CIÊNCIA É CORROSIVA PARA A CRENÇA
RELIGIOSA”.
Está provado que nosso cérebro,
via de regra, busca fugir da realidade para refazer-se de sua rotina extenuante
no controle de nosso corpo. O cérebro monitora nosso corpo em tempo integral e
não piscamos o olho sem que o cérebro esteja envolvido na ação. E para fugir da
realidade contamos com formas naturais que cumprem plenamente este papel. Para
o justo descanso do cérebro, o principal aliado é o sono na dimensão correta. E
o sono é embalado por sonhos, ricos em fantasias a nos conduzir por caminhos
irreais e imaginários, considerados bons colaboradores na manutenção de nossos
neurônios. Quando em estado de vigília, nosso cérebro se vale de filmes
empolgantes, livros de ficção que devoramos avidamente, teatros, shows musicais
e jogos diversos. Tudo isso nos leva a fugas da realidade, aliviando o estresse
e cansaço de nosso cérebro. Todos nós saímos de uma seção de cinema, quando o
filme foi altamente envolvente, com uma sensação de “onde eu estou, quem sou
eu”. Penso ser tudo isto altamente suficiente e sadio para o devido e
necessário descanso de nossa maravilhosa máquina cerebral em suas jornadas
diárias estressantes. Para devaneios,
não há necessidade de histórias de curas
milagrosas, de ressurreição de mortos, de cura de leproso só pela palavra do
milagroso sem uso de remédio, de mulher permanecer virgem mesmo após um parto,
dentre outras histórias. Enfim, não me
parece salutar cegar nossa mente acreditando em histórias e propostas
religiosas e fantásticas em prejuízo de nosso conhecimento científico.
Especial agradecimento a Fernando Thomazi por colaboração em pesquisa e
revisão de texto.