HERANÇA?... SÓ A GENÉTICA
Os filhos detestam ouvir conselhos de seus pais. Há pais que o máximo que conseguiram ensinar aos filhos é não comer merda.
Há muito que sei e agora comprovei, herança material é uma grande bobagem. Se acontecer-lhe em deixar bens, deixe com prazer e alegria, mas ninguém deve iludir-se que o melhor da vida seja deixar filhos abastecidos de bens que possam viver sossegados. O mais correto a fazer, se conseguir, é ensinar-lhes o caminho da subsistência e progresso pessoal por suas próprias forças. Contudo normalmente o pai consegue fazer filho, mas não a cabeça dele. Os filhos detestam ouvir conselhos de seus pais. Há pais que o máximo que conseguiram ensinar aos filhos é não comer merda. Encontrei um amigo que em resumo contou-me sua história assim: “Não tenho que me preocupar com meus filhos e explico, disse ele... A minha primogênita é formada com doutorado completo, mas absorveu toda cultura da pobreza, achando lindo e maravilhoso a pobreza da índia e seus monges esquisitos, sem contar aquela sociedade absurda em castas discriminatórias. Aqui no Brasil apóia os socialistas milionários que querem dividir os bens dos outros, mas não os deles. Os ídolos dela ficaram ricos no poder após destituir os democratas, e vivem apoiando as maiores ditaduras na terra. Ela é culta, mas vota em analfabetos corruptos. Diz-se contra consumismo e sente-se feliz até andando a pé carregando mochila, ao invés de carro com ar condicionado. Então seria bobagem eu deixar alguma riqueza para esta filha. Ela seria infeliz e poderia até fazer doações para corruptos espertos. O segundo filho, continuou ele, não gosta muito de livros, apenas um ou outro de cunho espírita e acredita em reencarnação. Tentei emprestar-lhe livro de biologia e outras ciências para ver se ele descobre que “NA NATUREZA NADA SE CRIA NADA SE PERDE, TUDO SE TRANSFORMA”, mas ele me devolveu os livros em minutos sem nada ler. Ele também não demonstra muito apego a riqueza, talvez achando que terá várias vidas a viver não dando muito valor para esta vida atual. Também seria desperdício deixar coisas e bens a ele, pois não haveria nenhuma festa e influencia no amor a mim seu pai quando eu estiver morto. Meu amigo completou dizendo que o terceiro filho levou a sério os estudos e, tendo um cérebro privilegiado, formou-se e doutorou-se na melhor faculdade do Brasil. Ele domina bem os quatro principais idiomas terrestres, português, inglês, francês, italiano, e ainda está aprendendo o japonês. Com apenas 30 anos de idade, já viveu em vários países europeus e conhece quase toda a América. Com tudo isto ele não vai precisar nada material de mim, a não ser do afeto e carinho enquanto eu estiver vivo. Meu amigo terminou seu discurso afirmando que é tolice preocupar-se com a formação de gorda herança, mas se acontecer também não estará atormentado com o destino dela e falou que ela pode levar alívio ao herdeiro, mas não garante nada a um incompetente”.
Já convivi com pobres, ricos e milionários. Presenciei uma cena chocante de ingratidão filial com o pai ainda vivo. Jamais vou esquecer a festa de um amigo meu milionário com cerca de cem convidados no seu aniversário. Seu filho mais velho nos seus 40 anos chegou atrasado com dois amigos e logo queria ir embora. Seu pai implorava para ele aguardar o show pirotécnico e outras atrações, mas ele não se compadecia. Ele e seus amigos saíram em minutos sem esperar cortar o bolo e participar do costumeiro “parabéns a você”. Este filho, graças à riqueza de seu pai, com certeza tinha outros programas bem mais interessantes naquela noite. Quando o ingrato deixou a festa não acatando o insistente pedido de seu pai e eu vi a tristeza daquele milionário olhando seu filho partir friamente, lágrimas surgiram em meus olhos aumentando o nível do whisky no meu copo.
“Se você conhece histórias de ingratidão de filhos para com os pais, compartilhe minha crônica”
*** Publicado no jornal O SERRA NEGRENSE de Serra Negra – São Paulo.
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